quarta-feira, 6 de julho de 2011

Compartilhando...

Nas minhas pesquisas e "andanças" pela net nessa minha vida de blogueira...rsrs estou aqui mais uma vez para compartilhar com vces um texto super interessante da Vivi do Blogger Casa da Brima, espero que curtaaam assim como eu curti... muitas que já praticam a nossa querida Dança iram se ver nesse texto e aquelas que estão começando receberam um novo gás concerteza !! Segue em frente...

Carta para quem começa estudar Dança do Ventre.

Sei que  a maioria das pessoas que acessam o blog é composta de profissionais e/ou bailarinas com muitos anos de estudo, por isso, normalmente, meus posts são voltados para a reflexão da nossa prática e do meio profissional. Porém, nesta semana, escrevi um texto para minhas alunas que estão iniciando na dança e achei que seria interessante compartilha-lo aqui também.  Foi escrito num momento onde relembrava minhas impressões e constatações sobre a dança quando iniciava meu caminho por ela.
Como aproveitar da melhor forma seu curso de Dança do Ventre.
Aventurar-se pela Dança Oriental, fazer bailar o ventre, é  um grande passo para o auto-conhecimento. Nessa dança, restabelecemos a conexão com aspectos de nossa feminilidade que até então podiam estar abafados pela forma como agimos no dia-a-dia, influenciadas por um mundo onde a dinâmica social ainda se encontra, na maioria das situações, pautada na visão masculina que privilegia a força e a competitividade.  Cuidamos muito de nossa aparência externa, de nossa pele e cabelos, procuramos roupas que revelem nossa beleza mas também nos  apresente ‘poderosas’ para a sociedade e isso em si não é um problema. O problema surge quando focamos demais no externo e não damos tanta atenção para o nosso interior. E então, por dentro, nossa aparência é frágil, nosso emocional por vezes é totalmente dependente da presença do outro e vivemos driblando nossas inseguranças, inquietando-se com uma certa sensação de inadequação que aparece sem mais nem menos, e soa assim, como um sussurro que nos pergunta: ” por que você está  fazendo algo ao contrário do que pede  a sua natureza?”
Por isso, ao iniciar um curso de Dança do Ventre e começar a restabelecer o contato com esta parte adormecida,  é natural que nos sintamos estranhas, “peixes fora d’água”, desajeitadas. Um corpo acostumado a um mundo de ações e regras rígidas, enrijece-se também e não teria como ser diferente, afinal, é através do corpo que o mundo chega até nós. E, muitas vezes, nem nos damos conta disso.
Portanto, a primeira orientação que lhe dou é: tenha paciência com você, com a forma como seu corpo responde e até com o que lhe parece ser desobediência dele. Veja… O passo mais difícil você já deu e foi o de vir para o curso.  Daqui pra frente, tudo é uma questão de tempo e de saber administrar a ansiedade.  Todo corpo é capaz de dançar e não será diferente com você.
A aula dura apenas 1h30, 2h no máximo. É um tempo curto se pensarmos no tanto de “trabalho” que temos pela frente. Por isso, procure estar realmente presente, não só de corpo, mas de mente. Parece ser redundante falar sobre isso, mas eu mesma já cheguei a fazer aula de dança preocupada com os afazeres e problemas que tinha deixado do lado de fora da sala, e com toda certeza afirmo: é a pior forma de boicote que pude me fazer. Passei 1h30 “inútil”, pois não resolvi o que estava lá fora e não fixei o que aconteceu na aula. Lembre-se: o que está fora da sala de aula, está fora e se você veio dançar é porque o que tem a resolver pode esperar.
Siga fielmente as orientações que são dadas sobre a forma de se fazer os movimentos, mas faça-os dentro do seu tempo, respeitando a velocidade com que seu corpo consegue internaliza-los. Resista ao ímpeto de se comparar com a colega do lado, porque ela é diferente de você e isso de nada adianta, a não ser aumentar a sua ansiedade e afastar a sua concentração. Repetir os movimentos é um processo necessário para que o corpo se familiarize com a nova forma de se movimentar. Costumo fazer sempre esta comparação…. A dança é uma forma de linguagem. Ora, aprender uma nova língua leva tempo, requer da boca uma forma diferente de movimentar a língua e os lábios.  O cérebro precisa organizar as palavras de uma outra forma para poder formar frases e as cordas vocais se combinarão de um novo jeito para pronunciar uma palavra nunca dita antes. Se você já aprendeu inglês, se lembrará disso…. Como foi a primeira vez em que falou a palavra world ou Massachussets? Viu, com a dança é igual… Você não aprendeu inglês em 1 semana, não se tornou fluente em 1 mês. Toda grande bailarina, antes de ser grande, passou pelas mesmas etapas que você…. Aprendeu primeiro os movimentos (as letras), suas combinações (as sílabas), colocou-os num ritmo (as palavras), em seguida organizou todos eles e dançou (formou as frases!).
Rs… Como existem relações entre as coisas, não é?
Todo aprendizado requer a fixação do que foi aprendido e isso é feito num momento que costumo chamar de “eu-comigo-mesma”.  Em casa, num local onde você não será interrompida,  revise os movimentos dados em aula. Acredite em mim, isso é essencial para o seu progresso na dança.  Também é comum acontecer de um movimento que tenha “empacado”  na hora da aula aconteça depois, no dia seguinte, durante seu treino, embaixo do chuveiro, por exemplo. por que isso acontece? Bem, acho que temos várias respostas para isso. Uma das minhas hipóteses é que nossos músculos, durante a aula, podem tensionar devido a atividade, atrapalhando a realização de um ou outro movimento. Some isso ao fator emocional (a pressa de querer acompanhar a professora, a turma). O cenário está feito e dele, não há movimento que saia.
O treino em casa também é importante para que você se experimente dançando uma melodia árabe, constatando como é diferente a estrutura dessas músicas em relação às nossas. Encaixe os passos que você aprendeu com o ritmo que estiver ouvindo, vá  afinando seu ouvido à fala árabe e descubra que toda música tem um humor (triste, alegre, sensual, misteriosa….). Aliás, a maioria das descobertas são feitas nessas horas. Anote-as se achar melhor e socialize-as na aula.
Aliás, falando em anotações, algumas pessoas gostam de trazer um caderninho para aula para registrar os passos que foram dados e as informações que  dou durante a aula. Acho válido esse recurso, porque ajuda a  lembrar de exercícios que podem ser esquecidos de uma semana para outra, como por exemplo, uma sequencia coreográfica, a dica de um cd, de uma música, livro ou filme. Apenas lembre-se que essas anotações não devem tomar todo o tempo em que você está treinando um movimento. Uma dica é escreve-las em forma de tópicos e em casa, ao chegar da aula, você poderá elabora-las melhor. Um ótimo exercício para a memória e de assimilação do que foi dado!
Aprender uma dança que não faz parte da nossa cultura demanda conhecer a cultura da qual esta dança faz parte. Devemos lembrar que em toda dança existe a expressão do pensamento social, não só individual. A dança é um organismo vivo, que é influenciado pelo movimento da sociedade e pela forma como esta sociedade pensa, age, vive. Não há como desatrelar uma coisa da outra. Além das informações trazidas em aula,  procure também fontes confiáveis para conhecer melhor os aspectos da cultura árabe. Trago 3 dicas de livro para você começar: “Árabes”, de Mark Allen, “Uma mulher egípcia”, de Jean Sadat e “Orientalismo”, de Edward Said.
Não tenha receio em perguntar ou em contribuir com as descobertas que faz… A sua dúvida pode ser a dúvida de outras pessoas também, e sua descoberta pode ajudar a colega que está confusa.  Um dos tantos benefícios que a dança tem é o de agregar as pessoas, enriquecer a nossa vida social.  De certa maneira, está se reproduzindo na sala de aula de Dança do Ventre o mesmo costume das mulheres árabes dentro de suas casas, quando reunidas com suas irmãs, filhas, tias e avós partilham a dança umas com as outras, ora ensinando as mais novas, ora comungando o puro prazer de dançar. Somos, nesse momento, mulheres com um mesmo objetivo.
Eu, como professora, desejo tornar mais fácil sua caminhada pela Dança do Ventre.  Na verdade, estamos na mesma estrada, eu só estou um pouco à frente de você. Por estar à frente, sei das coisas que  podem ser encontradas pelo caminho e tenho condições de lhe ajudar a lidar com elas. Toda dança é uma jornada de centenas de paisagens e tenha sempre em mente que, mais importante que o final da viagem, é o desfrutar do trajeto.
Com carinho, Vivi

Bjinhoos Pupilas espero que tenha gostado !!!

Postado pela bailarina Jéssica Assis

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